segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Primeira noite

Meu prano de saúde dá direito a enfermaria ao invés de quarto particular. Se você quer ter a confirmação de que o inferno são os outros, passe uma noite numa enfermaria e terá certeza!

Fui encaminhada aos prantos para minha cela, ops, quarto coletivo. Lá chegando já tinha uma senhora ocupando o outro leito. A filha se preparava para passar a noite no sofá cama. Oiii??? E pode acompanhante em enfermaria???

Durante todo o tempo em que eu me acomodava, mãe e filha falavam sem parar. Depois de muito custo consegui com a enfermeira uma toalha para tomar banho. Lá estava eu no chuveiro quando escuto batidas na porta. Exclamei contrariada: "Pode entrar!"
Mais batidas. E eu já ficando puta: "O QUE É???" A porta se abre e entra a mãe com a filha atrás segurando o soro: "Ela precisa ir ao banheiro."

Porra, precisou eu entrar no banho para bater vontade???

Volto para minha cama tentando descansar. Mas as duas não param de falar. E já eram mais de 10 da noite.  Chegam dois enfermeiros para aplicar remédios na véia e em mim. Viro de lado e fecho os olhos, desejando com todas as forças estar sozinha lá.

Começo a escutar: "Ai, ai! Ui, ui!" Era a véia gemendo. Daqui a pouco escuto a filha: "Mãe??? MÃE???" Chegam dois enfermeiros. Um deles, provavelmente com talento para arte dramática, começa a exclamar: "Dona Creozodete!!! DONA CREOZODETE???" (nome fictício) "Aperta a minha mão!!!"

Aí já era demais!!! Tive que me virar para ver o que acontecia. Ao ver que eu estava olhando, a beesha dramática fecha a cortina na minha cara.

Levaram a véia para o CTI. A filha aos prantos decide ir para casa pois não se permitem acompanhantes lá. Liga para uma amiga ir busca-la.

E eu fico impressionada com o poder da mente! Quem diria que eu tinha tanta energia mental.  Em pouco tempo fiquei livre da mãe e da filha e com a enfermaria só para mim. Era 1 da manhã. Finalmente consegui dormir.

Pena que não consigo mentalizar com a mesma energia os números da mega-sena acumulada.

Para aqueles que estão com peninha da Dona Creozodete que foi parar no CTI pela força do meu pensamento, pensem que podia ter sido pior. Já pensou se ela fosse para o necrotério?

2 comentários:

Marcia disse...

Eu não tenho dó nem piedade das creozodetes que impoem sua presença no banheiro OCUPADO da infermaria do inferno dos outros e esticam as canelas aos berros na enfermaria do inferno dos outros.
Pensando bem, o lugar delas é exatamente este: no inferno dos outros.
Sai daí, minha amiga, que esse inferno é dos outros! Não se identifique para não permanecer!

picida ribeiro disse...

Tá vendo como coisas boas tambem acontecem???rrsrsrs