segunda-feira, 27 de maio de 2013

Saudades de mim


Desde ontem essa sensação de nostalgia me acompanha. Começou quando eu escutei, depois de muito tempo a canção As aparências enganam, na voz de Elis Regina.
Me deu saudades de mim. De alguém que eu não sou mais. saudades do meu amigo Fabio e do apartamento na Rua João Lyra, para onde eu fugia sempre que podia e passava tarde inteiras ou ,madrugadas conversando e escutando música.
 Às vezes a gente jogava algum jogo de baralho, às vezes fumávamos maconha e depois assaltávamos a geladeira. Mas o que a gente mais fazia era falar, falar e falar. sobre tudo, sobre todos, ao som dos LPs que ele tinha. 
Tinha Elis Regina, Clube da Esquina, Trio los Panchos, Ella Fitzgerald, Elton John, últimos lançamentos de MPB ou de artistas estrangeiros e mais uma diversidade musical enorme.
A conversa fluía como as águas de um rio. Não sentíamos o tempo passar. Sempre tínhamos assunto.
Algumas vezes o Fabio estudava astrologia e eu aprendia só observando e dando meus pitacos. Ele confiava na minha intuição.
Uma vez jogamos I Ching. Perguntamos se teríamos uma vida longa. Para mim a resposta foi sim. Para ele um alerta para moderar os excessos. Coincidência ou não foram justamente os excessos que o levaram à morte anos depois.
Saudades daquele tempo, do Fabio, da pessoa que eu era, da juventude. 
O apartamento não existe mais. O Fabio não existe mais. Eu continuo por aqui, mas sou outra pessoa.
Quantos sonhos, quanto tempo nós tínhamos! 
Agora não tenho mais o tempo que passou. Mas tenho meu próprio tempo. Já dizia Renato Russo, que por acaso o Fabio conhecia e não gostava. Talvez porque fossem parecidos. 


sexta-feira, 8 de março de 2013

Medos, manias e outras sandices


Não tenho mania de limpeza, nem compulsões.
 Não sou a pessoa mais organizada do mundo, mas me acho no meio da minha bagunça.
Não deixo para amanhã o que posso fazer depois de amanhã.
Tenho mania de pontualidade. Procuro chegar sempre antes da hora. Em eventos sociais, sigo o costume carioca de chegar pelo menos com meia hora de atraso. O pior é que muitas vezes sou a primeira a chegar mesmo assim.
Em consultas médicas, salão de beleza, etc., chego sempre um pouco antes da hora. E fico pau da vida porque na maioria das vezes tenho que esperar muito além da hora marcada!
A primeira coisa que faço ao chegar em casa é tirar os sapatos e calçar meu chinelo Havaianas. Não consigo ficar calçada dentro de casa.
Em seguida tiro relógio, brincos, anéis e outros acessórios. Só fico com a aliança.
Tenho minhas “roupas de ficar em casa” que são trocadas assim que chego.
Não durmo com as portas do guarda roupa abertas e verifico se os sapatos não estão virados com a sola para cima. Superstições que herdei da minha bisavó.
Detesto cama por fazer. O quarto pode estar uma bagunça, mas a cama tem que estar arrumada. Não misturo jogos de roupas de cama. Tem que ser tudo “combinandinho”.
Tenho pavor de baratas, daquelas cascudas. É um medo paralisante. Creio que elas sabem disso, pois sempre aparecem para mim em primeiro lugar. Elas já caíram no meu prato e no meu copo em ocasiões diferentes, em restaurantes. A que caiu no meu copo era pequena, do tipo “francesinha”. Deu nojo mas me segurei. A que caiu no meu prato era das cascudas. Aí foi um escândalo!
Gosto de lagartixas, são simpáticas. Já batizei duas que viviam lá em casa: Josefina e Filomena.
Quando era criança tinha medo de ficar presa no elevador, mas com o passar do tempo melhorou. Hoje só tenho um certo receio.
Converso com meus eletrodomésticos quando eles resolvem não funcionar direito. A máquina de lavar na maioria das vezes me ouve e volta ao normal.  O computador também.
De perto ninguém é normal. Nem de longe.