quinta-feira, 28 de junho de 2012

Gabriela

Estou adorando rever Gabriela! O remake é tão fiel ao original, mas tão fiel que nem parece remake! A trilha sonora maravilhosa foi totalmente aproveitada. Até porque fazer outra melhor do que a primeira seria missão impossível, ou quase.

Juliana Paes está muito bem vestindo a personagem que um dia foi de Sonia Braga. Tão bem que nem parece que não é a Sonia Braga. Tão bem que encarnou completamente Gabriela. E as duas atrizes parecem uma só, separadas por décadas.

Não ver Armando Bogus no papel do turco Nacib causou certa estranheza no primeiro capítulo. Humberto Martins não carrega no sotaque, talvez para não soar falso, pois interpretar com sotaque não é para qualquer ator. Ele preferiu investir em outras características do personagem. Fez bem. E ficou tão bem que depois de algum tempo a gente nem lembra que não é o Armando Bogus. É apenas o turco Nacib.

Até Ivete Sangalo como Maria Machadão soou convincente, pois como ela não é atriz tiveram o cuidado de dar à personagem poucas falas, além de bota-la para cantar. A falta de diálogos é compensada pela mensagem não-verbal que sua presença exuberante emite. E isso basta. A porta voz do Bataclã ficou sendo a Zarolha, que na primeira versão era da Dina Sfat. Isso eu custei a me lembrar, mas da Zarolha atual eu me lembrarei.

Os coronéis, suas esposas e filhas também estão bem representadas. Colocar outro ator no papel de Coronel Ramiro, que foi de Paulo Gracindo era outra missão impossível. Mas Antonio Fagundes está dando conta do recado!

Lembro de mim mesma na primeira versão. Adolescente, aprendendo a tocar violão, escutando o LP da trilha sonora até furar. Encantada com a Bahia de Jorge Amado. Impressionada com o enterro de Dona Sinhazinha, quando a atriz Maria Fernanda se deitou no caixão (será que Maitê Proença vai fazer o mesmo?). Apaixonada pelo Mundinho de José Wilker. Apoiando a intrépida Malvina. Pensando que se um dia eu tivesse uma filha eu daria o nome de Gabriela.

Várias décadas separam a menina que eu era da mulher que hoje eu sou. É tanto tempo que às vezes nem parece que o tempo passou. Tanto tempo que às vezes parece que são duas pessoas, separadas por décadas.

2 comentários:

picida ribeiro disse...

Lindo isso que vc escreveu...
Analise da novela perfeita,e associação com o passar do tempo emocionante!
tempo que vivemos... e bem.. pois aqui estamos...
Realmente a trilha sonora é demais!!!

Márcia disse...

Que bom que você existe pra assistir as novelas pra mim, se emocionar por mim, dissecá-las, analisá-las, fazer a exegese novelística com sua sensibilidade e seu saudosismo que resiste até aos remakes da grobo e me obriga a lembrar que, um dia, há muuuuuuito tempo atrás, eu fui jovem e assisti a tudo isso, cantei as músicas e sofri com os personagens que também fazem parte de mim.