Eu tinha uns cinco anos e voltava para casa da escola com minha avó. Estava no Jardim da Infância.
Alguns metros à minha frente visualizei uma nota como esta no chão. Cinco mil cruzeiros, o equivalente hoje a mais ou menos cinquenta reais.
Apesar da minha pouca idade eu já sabia que aquela nota vermelha com a cara do Tiradentes era a segunda de maior valor. A primeira era a nota de dez mil cruzeiros, cinzenta e com a cara de Santos Dumont.
Mas entre eu e o Tiradentes tinha um obstáculo: uma mulher que caminhava à nossa frente. Se ela visse a nota certamente a pegaria.
Alguns segundos depois, para meu alívio, a mulher passou batida pela nota, o salto alto pisando na ponta. Não esperei mais. Larguei a mão da minha avó, saí correndo e arremessei-me para pegar o dinheiro amassado.
Minha avó imediatamente veio atrás de mim e começou a me repreender por eu estar pegando "porcaria do chão". Quando eu mostrei meu tesouro a ela, triunfante, imediatamente sua expressão mudou. Passou de contrariada a espantada e depois desconfiada em questão de segundos. Olhou de um lado para o outro, provavelmente para ver se o dono do Tiradentes ainda estava por perto, ou para se certificar de que não se tratava de uma pegadinha. E guardou a nota em sua bolsa.
Não sei que destino ela deu ao dinheiro caído do céu (ou do bolso de alguém). E na verdade naquela época isso era o que menos importava para mim.
A sensação de encontrar dinheiro assim do nada, no meio da rua, de ser a única a perceber que a nota estava lá, de superar o obstáculo que estava à frente (a mulher), e de ser a primeira a alcança-la valia mais do que tudo, numa época em que a gente acredita de verdade que emoções não tem preço!
2 comentários:
Oi Lucy! Vim visitar a casa nova! Também tenho mais uma casa por aqui! Rs! Bjs!
Que bom te-la de volta com historias tão interessantes e bem contadas
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